Obstrução recorrente das vias aéreas
A obstrução recorrente das vias aéreas (ORVA) é uma doença comum dos equinos. É uma afecção de origem alérgica que pode ser causada por diversas substâncias, como poeira e pólen de flores, ou agentes infecciosos como fungos. Todos estes agentes são denominados de forma genérica de alérgenos.
Quando os alérgenos entram em contato com as vias aéreas inferiores (traquéia, brônquios e bronquíolos) provocam uma resposta do sistema imune e esta, por sua vez, provoca aumento da produção de muco, inflamação da mucosa e contração das vias aéreas. Estes três eventos tem como resultado um estreitamento significativo do lúmen respiratório, ou seja, o espaço para passagem do ar. Com a diminuição do diâmetro das vias aéreas a respiração se torna mais difícil o que gera queda de desempenho e desconforto no animal.
Os principais fatores predisponentes são ambientais. Animais estabulados, em baias pouco ventiladas, com cama de cerragem (e não maravalha), alimentados por rações fareladas ou até mesmo feno com grande quantidade de pó estão muito sujeitos a desenvolver a doença.
O diagnóstico se dá através da associação do histórico, contendo um ou mais fatores predisponentes, e dos sinais clínicos como tosse, presença de ruídos anormais à auscultação torácica e traqueal e linha de esforço respiratório. Entretanto, a confirmação do diagnóstico só é possível após a análise da secreção colhida a partir de lavado traqueal. Como exames auxiliares para diagnosticar a gravidade da doença e a resposta ao tratamento estão a endoscopia das vias aéreas e o hemograma.
O ponto inicial do tratamento é a retirada da causa o que quer dizer que devem ser feitas tentativas de mudança de manejo que possibilitem isolar a causa. Entre essas mudanças as mais indicadas são: manutenção do animal a pasto ou em cocheiras com cama de areia ou borracha; suspensão do fornecimento de rações fareladas, fornecer volumoso na forma de capim ou feno molhado.
Para o tratamento de animais em crise podemos lançar mão de medicamentos como os mucolíticos e os broncodilatadores, e em casos mais graves utilizam-se anti-inflamatórios esteroidais. Quando sua realização é possível, duas a quatro sessões de inalação diárias promovem conforto e aceleram o tratamento. A doença fragiliza o sistema respiratório permitindo a instalação de infecções oportunistas e, nestes casos, pode ser necessário o uso de antibióticos.
Somente o médico veterinário tem o conhecimento necessário para orientar os proprietários sobre as técnicas de manejo utlizadas para evitar o desenvolvimento da doença, assim como para diagnosticar precocemente o problema e iniciar o tratamento. Por esta razão é importante que todas as propriedades tenham acompanhamento veterinário periódico.